Afinal, o que é meditar?

No mundo ocidental, o conceito “meditar” nem sempre tem a conotação mais adequada ao que ele realmente significa. Geralmente quando alguém utiliza o termo meditar quer dizer refletir, debruçar-se sobre um determinado assunto. É comum ouvirmos, por exemplo, uma expressão do tipo “esta manhã estive a meditar sobre …”. Contudo, meditar não poderia estar mais longe desta interpretação, é precisamente o oposto, é a ausência de pensamento.
Não pensar é algo extremamente difícil de entender para uma mente racional, porque ela está sempre a pensar. Esta é a principal característica da mente racional, pensar compulsivamente e de uma forma obsessiva, sem, no entanto, se aperceber que no fundo é uma patologia que pela generalização passou a ser aceite como sendo normal.
Analisar, compreender, comparar ou deduzir são as funções do intelecto; são estas que lhe dão vida, que suportam a sua existência. A mente racional não se imagina não pensar.
O indivíduo identifica-se completamente com o pensamento, com os seus ideais, opiniões e conhecimentos adquiridos através da experiência ao longo da vida. Ele está convencido de que é a sua personalidade. Não poderia estar mais equivocado, ele não é nada disso; ele é aquele que reconhece o pensamento, aquele que está a observar ou a testemunhar tudo o que se passa consigo, aquele que está por trás da tela.
Ao observar os pensamentos, e não os seguindo, ele passa de observado a observador. Torna-se uma testemunha do momento presente, como se não existisse nem o ontem nem o amanhã. Reconhece os pensamentos, mas deixa-os ir sem apegos.
Deixar de pensar não é querer ou esforçar-se por não pensar, é apenas observar os pensamentos com prazer e curiosidade. É a esse momento que se chama meditação.
O praticante só precisa de estar inteiramente presente em cada momento. Pode ser durante a realização de uma qualquer tarefa doméstica, observando todas as sensações, movimentos, sentimentos ou pensamentos; observar atentamente cada detalhe e a beleza de uma simples flor ou caminhar em silêncio observando cada pormenor da paisagem. Apenas estar, sem questionamentos ou julgamentos. Exercer a Atenção Plena.
Ao atingir este ponto e a reconhecer a sua Presença como uma Entidade Independente, o praticante está finalmente num estado meditativo. É bem simples assim, nós é que complicamos.